A poesia já fora mais bela
Disseram-me que escrevo bem.
Ontem;
Hoje;
Há uma semana;
Todos os dias para falar a verdade.
Mas eu não acredito.
Não confio pela minha insegurança, acho a poesia uma aliança.
Que se rompe toda vez que meu coração desperta palavras melancólicas.
Não acho bom o suficiente e por quê não sorrir contente com a doce ilusão de que o que escrevo traz às pessoas algo abrangente?
Mas na verdade,
meu coração detesta sua composição.
Pois as palavras que me vêm são nojentas, asquerosas.
Os temas são sujos, imundos.
O motivo quase o mesmo em todos os versos do poema, que só de digitar me assusto.
As verdades são horríveis, cautelosas.
Que chegam quando menos espero para devastar-me com suas ganâncias.
Acabar com minhas esperanças e ferir minha estrutura.
Eu não gosto do que escrevo.
Eu detesto a forma com que pego no celular para digitar.
Odeio minha forma de pensar, como erro no processo e preciso voltar.
Apagar e raciocinar.
Odeio como a vida me trouxe a poesia.
Odeio a arquitetura dos meus textos, parecem só pretextos para me derrubar.
Odeio a carência, a doença e o desejo de continuar.
E me traz repúdio a forma com que amo poetizar.
Eu ODEIO amar isso.
Eu odeio o jeito com que meu coração se preenche disso o tempo todo, como ele acelera só de ter ideias abstratas.
Eu, somente eu, entendo a dor de minhas poesias.
E me dói ter motivos para fazer o que faço.
Eu queria.
Somente.
Não ter.
Mais e mais motivos.
Dessa forma eu nunca mais precisaria pegar em meu celular para abrir no bloco de notas imundo em que guardo o que escrevo.
E eu e ela, a poesia.
A poesia já fora mais bela.
Já fora meu maior amor e paixão incondicional. Mas agora já nem tenho moral para pegar nos velhos papéis novamente, e ver o reflexo do meu eu tão contente, da pessoa que eu era antigamente.
Antes da poesia se tornar o que se tornou.
Antes dela, a poesia.
Pois a poesia.
A poesia já fora mais bela.
Eduarda Maciel.